-->

Pesquisar

..................... Notícias · Entretenimento · Esportes · Vídeos

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Em forma de redondilha. e-Cordel de Antônio Régie

imagee-Cordel “Em forma de redondilha”
Este é o primeiro cordel digital, produção textual em meio eletrônico semelhante ao e-book, de autoria de Antônio Régie.

Utilizando o sistema de Redondilhas: Antigamente, quadra de versos de sete sílabas, na qual rimava o primeiro com o quarto e o segundo com o terceiro, seguindo o esquema abba. Hoje, verso de cinco ou de sete sílabas, respectivamente redondilha menor e redondilha maior. Régie, faz uma viagem entre os vários autores da literatura brasileira dos primórdios do Barroco ao tempo contemporâneo.
Inicialmente disponibilizado aqui para leitura no blog, mas posteriormente terá sua versão digital formatada como e-book/e-cordel para download, possibilitando sua leitura em outros meios ou impressão.
Segue o cordel.

 

REDONDILHAS

Em forma de redondilha

Vou fazer uma canção.

Ou talvez uma toada

Quem sabe, declaração

Vou abaixo, vou acima

No encalço da tal rima

Remar a composição.

 

 

Pego a deixa na missão

De medir o verso meu

O eu poético declara

O ritmo apareceu

A sílaba nasce constante

Forte, altiva consoante

A estrofe renasceu.

 

O Bocage faleceu

Camões esta no além

O tal Fernando pessoa

Quantos nomes ele tem?

Gil Vicente evaporou-se

Ou então, desencarnou-se

Tal a forma aqui convém

 

 

O Gregório foi também

Para outra dimensão

E Antero de Quental

Encontrou sua salvação?

A toada nasce inteira

O grande padre viera

La no céu faz seu sermão.

 

 

Cruz de Souza foi então

Nas asas da primavera

Desgrudou-se deste mundo

Solidão foi sua pantera

E augusto viu o anjo?

Pois a morte, frio arcanjo

Frio suspiro, sombra fera.

 

 

Castro Alves na esfera

Do espaço sideral

Casimiro de Abreu

Corpo morto, obra imortal

Álvares de Azevedo foi

Montar no lombo do boi

No campo celestial.

 

 

Fagundes varela tal

Enigma da eternidade

Desposou a sepultura

Alcançou a eternidade?

A sua obra fraterna

Não morreu, ficou eterna

Não tinha futilidade.

 

 

Olavo Bilac invade

A forma da amplidão

Sua obra permanece

O corpo é putrefação.

A poesia nunca finda

Deste jeito conta ainda

Esta singela canção.

 

 

Coerência, coesão

No texto parnasiano

Gonçalves dias, há dias

Viajou a outro plano.

Baudelaire simbolista

João Cabral ativista

O vate pernambucano

 

 

Os sonhos do ser humano

Desfaz-se na sepultura

Carlos Drummond viajou

Nas asas da tanajura

Cecília dócil, sensível

Tomou forma indivisível

La no céu compõe segura.

 

 

Jorge de lima não jura

Ele foi desencantado?

Onde andas vate triste

A que mundo foi guiado?

Hoje cantas teu poema

La na terra de Iracema

O país divinizado.

 

 

Tu Vinicius, foi ao lado

Doutros tantos sonetistas

Outros tantos gênios

Ditos loucos modernistas

Portinari situado

Conversa com Jorge amado

Ouvindo bons repentistas.

 

 

E os geniais cordelistas

Onde esta o canhotinho?

Bernardo nogueira canta

Sem falar em desalinho

Preto limão, patativa

Já estão na comitiva

Do poeta Zé pretinho.

 

14/04/2011
Antonio Régie

Biografia

Em 30 de julho de 1972, o mundo da arte e literatura ganhou mais um poeta, mais um escritor e, principalmente, um habilidoso nordestino na arte das rimas do Cordel. Nasceu nessa data, na pequena e receptiva cidade de São Gabriel, no interior baiano, Antônio Régie. Notável gabrielense, que sempre dedicou com exclusividade ao estudo da literatura de cordel, que já lhe rendeu diversos prêmios em concursos literários. Formou-se em Técnicas agrícolas pela Esagri. Em seus trabalhos procura preservar a autêntica cultura popular, pesquisa ativamente os causos e histórias do seu município, mas com olhar atento à realidade que cerca a humanidade, o brasileiro, o baiano. É um dos grandes poetas da atualidade sertaneja, que vale à pena ser lido porque apresenta nos versos e rimas de seus cordéis a realidade social e a cultura popular, permitindo nas entrelinhas ouvir o grito abafado do viver de um sertanejo em busca de seus ideais frente a uma sociedade “do ter”.

Algumas das obras publicadas:
Rimas da liberdade
10 anos de cantoria
Miguelão, o homem que enganou a morte
Raul Seixas, um revolucionário no inferno
As façanhas de Domingo Pavão
Breve história da Paróquia de São Gabriel
Mudanças para o país, fora esse Mensalão
O canto do sertanejo ausente do sertão
SOS natureza, vamos salvar a Amazônia
O reencontro entre amigos no plano celestial


0 comentários:

Postar um comentário