e-Cordel “Em forma de redondilha”
Este é o primeiro cordel digital, produção textual em meio eletrônico semelhante ao e-book, de autoria de Antônio Régie.
Utilizando o sistema de Redondilhas: Antigamente, quadra de versos de sete sílabas, na qual rimava o primeiro com o quarto e o segundo com o terceiro, seguindo o esquema abba. Hoje, verso de cinco ou de sete sílabas, respectivamente redondilha menor e redondilha maior. Régie, faz uma viagem entre os vários autores da literatura brasileira dos primórdios do Barroco ao tempo contemporâneo.
Inicialmente disponibilizado aqui para leitura no blog, mas posteriormente terá sua versão digital formatada como e-book/e-cordel para download, possibilitando sua leitura em outros meios ou impressão.
Segue o cordel.
REDONDILHAS
Em forma de redondilha
Vou fazer uma canção.
Ou talvez uma toada
Quem sabe, declaração
Vou abaixo, vou acima
No encalço da tal rima
Remar a composição.
Pego a deixa na missão
De medir o verso meu
O eu poético declara
O ritmo apareceu
A sílaba nasce constante
Forte, altiva consoante
A estrofe renasceu.
O Bocage faleceu
Camões esta no além
O tal Fernando pessoa
Quantos nomes ele tem?
Gil Vicente evaporou-se
Ou então, desencarnou-se
Tal a forma aqui convém
O Gregório foi também
Para outra dimensão
E Antero de Quental
Encontrou sua salvação?
A toada nasce inteira
O grande padre viera
La no céu faz seu sermão.
Cruz de Souza foi então
Nas asas da primavera
Desgrudou-se deste mundo
Solidão foi sua pantera
E augusto viu o anjo?
Pois a morte, frio arcanjo
Frio suspiro, sombra fera.
Castro Alves na esfera
Do espaço sideral
Casimiro de Abreu
Corpo morto, obra imortal
Álvares de Azevedo foi
Montar no lombo do boi
No campo celestial.
Fagundes varela tal
Enigma da eternidade
Desposou a sepultura
Alcançou a eternidade?
A sua obra fraterna
Não morreu, ficou eterna
Não tinha futilidade.
Olavo Bilac invade
A forma da amplidão
Sua obra permanece
O corpo é putrefação.
A poesia nunca finda
Deste jeito conta ainda
Esta singela canção.
Coerência, coesão
No texto parnasiano
Gonçalves dias, há dias
Viajou a outro plano.
Baudelaire simbolista
João Cabral ativista
O vate pernambucano
Os sonhos do ser humano
Desfaz-se na sepultura
Carlos Drummond viajou
Nas asas da tanajura
Cecília dócil, sensível
Tomou forma indivisível
La no céu compõe segura.
Jorge de lima não jura
Ele foi desencantado?
Onde andas vate triste
A que mundo foi guiado?
Hoje cantas teu poema
La na terra de Iracema
O país divinizado.
Tu Vinicius, foi ao lado
Doutros tantos sonetistas
Outros tantos gênios
Ditos loucos modernistas
Portinari situado
Conversa com Jorge amado
Ouvindo bons repentistas.
E os geniais cordelistas
Onde esta o canhotinho?
Bernardo nogueira canta
Sem falar em desalinho
Preto limão, patativa
Já estão na comitiva
Do poeta Zé pretinho.
14/04/2011
Antonio Régie
Biografia
Em 30 de julho de 1972, o mundo da arte e literatura ganhou mais um poeta, mais um escritor e, principalmente, um habilidoso nordestino na arte das rimas do Cordel. Nasceu nessa data, na pequena e receptiva cidade de São Gabriel, no interior baiano, Antônio Régie. Notável gabrielense, que sempre dedicou com exclusividade ao estudo da literatura de cordel, que já lhe rendeu diversos prêmios em concursos literários. Formou-se em Técnicas agrícolas pela Esagri. Em seus trabalhos procura preservar a autêntica cultura popular, pesquisa ativamente os causos e histórias do seu município, mas com olhar atento à realidade que cerca a humanidade, o brasileiro, o baiano. É um dos grandes poetas da atualidade sertaneja, que vale à pena ser lido porque apresenta nos versos e rimas de seus cordéis a realidade social e a cultura popular, permitindo nas entrelinhas ouvir o grito abafado do viver de um sertanejo em busca de seus ideais frente a uma sociedade “do ter”.
Algumas das obras publicadas:
Rimas da liberdade
10 anos de cantoria
Miguelão, o homem que enganou a morte
Raul Seixas, um revolucionário no inferno
As façanhas de Domingo Pavão
Breve história da Paróquia de São Gabriel
Mudanças para o país, fora esse Mensalão
O canto do sertanejo ausente do sertão
SOS natureza, vamos salvar a Amazônia
O reencontro entre amigos no plano celestial
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